Wednesday, July 19, 2006

Australia’s role in the recent chaos

The Australian Prime Minister John Howard arrived in Dili today for his first visit since goodness knows when. It’s certainly his first visit since I arrived in the country a year ago. According to ABC Radio Australia, the purpose of his flying visit was to meet with the newly installed Prime Minister, Jose Ramos-Horta and President Xanana Gusmao; not to mention sharing a morale boosting BBQ lunch with some of the estimated 2,500 Australian security forces currently deployed in Timor.

Of course, Howard’s visit has fuelled the lefty rumours (a la Pilger, Martinkus and the Communist Party of Australia) that the unseating of the former PM Mari Alkatiri was as a result of an Australian backed coup and that Howard has come to congratulate “his” men in Timor. This (conspiracy?) theory says that Australia disliked Alkatiri (true) and wanted to get rid of him in order to get their hands on Timor’s oil (unfounded as Australia and Timor had already negotiated an agreement over the final disputed area in the Timor Sea which is waiting approval by both country’s parliaments but which when passed, will remain in effect for the next 50 years), and wanted the more Australian friendly Ramos-Horta (true) at the helm of the country. That Australia also dislikes Fretilin as it is considered the most radical of the political parties in Timor (true, but radical only in comparison to the other parties, not with its past history and policies or to other more radical parties in the world such as the Communists. I would describe Fretilin as similar to Australia’s Labor Party (even though there is a Timorese Labor Party with no current MPs), which can hardly be described as radical). The theory goes that Australia approached a number of high ranking Timorese military men to stage a coup but that they refused. In the end they somehow managed to convince some of the original 500 odd soldiers from the west of the country to resign in protest over discrimination and favouritism to those from the east, which sparked civil unrest and which led to our evacuation from Timor and the subsequent downfall of the former PM.

This theory fails to explain: why stage a coup now after the disputed oil reserves had been negotiated? The elections are only a year way anyway and given the former PM’s widespread unpopularity, there was speculation that Fretilin would lose seats in parliament as a backlash to their choice of PM. Moreover, how did the Australians manage to engender such vitriol in the Timorese people for their former PM? By osmosis? Normally I’m a great supporter of lefty theories about political coups (not to mention a fan of the writings of Pilger and Martinkus) but having lived in Timor for the past year, I find this latest theory difficult to believe. The Timorese people genuinely disliked their PM which was not manufactured by Australian ASIS spooks.

I believe the recent trouble all comes down to the incompetence and inexperience of a new government left to fend for itself without adequate ongoing international support coupled with the arrogance of a PM and his Ministers who decided that the dismissal of nearly one third of their military personnel was not worth addressing. Moreover, it was the United Nations who decided on the make up of the security forces and clearly not enough attention was paid to the history of the Indonesian occupation and the geographical realities of Timor. By and large, people from the east of the country escaped the worst excesses of the occupation while the people from the west, who were and remain right up against the border with Indonesia, were much more vulnerable to human rights abuses including intimidation to join pro-Jakarta militias in the lead up to the independence ballot. Most of the Falintil soldiers came from the east where it was geographical feasible for them to continue hiding out in the mountains; while the people from the west simple were not able to. For the UN then to divide the newly independent nation’s security forces along geographical lines (military from the east and police from the west) shows a great deal of ignorance in planning the peace and security for a post-conflict society. Unfortunately it has contributed greatly to the current situation which on the surface looks peaceful and secure, but underneath is anything but.

As the Timorese refugees in Darwin and Dili know, there is no secure future for as soon as the International Stabilisation Force departs, they anticipate that all hell will break loose again as further retributions are exacted in a vicious cycle that will be difficult to break. The only hope is that the UN will decide to send a substantial number of both peacekeepers and police officers to retrain a reformed security service. Moreover, that peace building activities amongst the people begins in earnest.

Category: Timor-Leste (East Timor)

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2 Comments:

BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS
Folha de São Paulo

4Julho2006

A crise política em Timor, para além de ter colhido de surpresa a maior parte dos observadores, provoca algumas perplexidades e exige, por isso, uma análise menos trivial do que aquela que tem vindo a ser veiculada pela comunicação social internacional. Como é que um país, que ainda no final do ano passado teve eleições municipais, consideradas por todos os observadores internacionais como livres, pacíficas e justas, pode estar mergulhado numa crise de governabilidade? Como é que um país, que há três meses foi objecto de um elogioso relatório do Banco Mundial, que considerou um êxito a política económica do Governo, pode agora ser visto por alguns como um Estado falhado?

À medida que se aprofunda a crise em Timor Leste, os factores que a provocaram vão-se tornando mais evidentes. A interferência da Austrália na fabricação da crise está agora bem documentada e vem desde há vários anos. Documentos de política estratégica australiana de 2002 revelam a importância de Timor Leste para a consolidação da posição regional da Austrália e a determinação deste país em salvaguardar a todo o custo os seus interesses. Os interesses são económicos (as reservas de petróleo e gás natural estão calculadas em trinta mil milhões de dólares) e geo-militares (controlar rotas marítimas de águas profundas e travar a emergência do rival regional: a China). Desde o início da sua governação, o primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, um político lúcido, nacionalista mas não populista, centrou a sua política na defesa dos interesses de Timor, assumindo que eles não coincidiam necessariamente com os da Austrália. Isso ficou claro desde logo nas negociações sobre a partilha dos recursos do petróleo em que Alkatiri lutou por uma maior autonomia de Timor e uma mais equitativa partilha dos benefícios. O petróleo e o gás natural têm sido a desgraça dos países pobres (que o digam a Bolívia, o Iraque, a Nigéria ou Angola).

E o David timorense ousou resistir ao Golias australiano, subindo de 20% para 50% a parte que caberia a Timor dos rendimentos dos recursos naturais existentes, procurando transformar e comercializar o gás natural a partir de Timor e não da Austrália, concedendo direitos de exploração a uma empresa chinesa nos campos de petróleo e gás sob o controlo de Dili. Por outro lado, Alkatiri resistiu às tácticas intimidatórias e ao unilateralismo que os australianos parecem ter aprendido em tempos recentes dos seus amigos norte-americanos. O Pacífico do Sul é hoje para a Austrália o que a América Latina tem sido para os EUA há quase duzentos anos. Ousou diversificar as suas relações internacionais, conferindo um lugar especial às relações com Portugal, o que foi considerado um acto hostil por parte da Austrália, e incluindo nelas o Brasil, Cuba, Malásia e China.

Por tudo isto, Alkatiri tornou-se um alvo a abater. O facto de se tratar de um governante legitimamente eleito fez com que tal não fosse possível sem destruir a jovem democracia timorense. É isso que está em curso.

Uma interferência externa nunca tem êxito sem aliados internos que ampliem o descontentamento e fomentem a desordem. Há uma pequena elite descontente, quiçá ressentida por não lhe ter sido dado acesso aos fundos do petróleo. Há a Igreja Católica que, depois de ter tido um papel meritório na luta pela independência, não hesitou em pôr os seus interesses acima dos interesses da jovem democracia timorense ao provocar a desestabilização política com as vigílias de 2005 apenas porque o governo decidiu tornar facultativo o ensino da religião nas escolas. Toleram mal um primeiro-ministro muçulmano, mesmo laico e muito moderado, porque o ecumenismo é só para celebrar nas encíclicas.

E há, obviamente, Ramos Horta, Prémio Nobel da Paz, um político de ambições desmedidas, totalmente alinhado com a Austrália e os EUA e que, por essa razão, sabe não ter hoje o apoio do resto da região para a sua candidatura a Secretário-Geral da ONU. Foi ele o responsável pela passividade chocante da CPLP (Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa) nesta crise. A tragédia de Ramos Horta é que nunca será um governante eleito pelo povo, pelos menos enquanto não afastar totalmente Mari Alkatiri. Para isso, é preciso transformar o conflito político num conflito jurídico, convertendo eventuais erros políticos em crimes e contar com o zelo de um Procurador-Geral para produzir a acusação. Daí que as organizações de direitos humanos, que tão alto ergueram a voz em defesa da democracia de Timor, tenham agora uma missão muito concreta a cumprir: conseguir bons advogados para Mari Alkatiri e financiar as despesas com a sua defesa.

E que dizer de Xanana Gusmão? Foi um bom guerrilheiro e é um mau presidente. Cada século não produz mais que um Nelson Mandela. Ao ameaçar renunciar, criou um cenário de golpe de Estado constitucional, um atentado directo à democracia por que tanto lutou. Um homem doente e mal aconselhado, corre o risco de hipotecar o crédito que ainda tem junto do povo para abrir caminho a um processo que acabará por destruí-lo.

Timor não é o Haiti dos australianos, mas, se o vier a ser, a culpa não será dos timorenses. Uma coisa parece certa, Timor é a primeira vítima da nova guerra-fria, apenas emergente, entre os EUA e a China. O sofrimento vai continuar.

By Anonymous Anonymous, at 5:42 am  

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David

By Anonymous Anonymous, at 4:15 am  

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